terça-feira, 4 de junho de 2013

pai ♥

tenho montes de perguntas na cabeça e nenhuma delas tem resposta.
porque é que te foste embora ? porque é que me deixas-te assim tão de repente ? porque é que te afastas-te de mim assim ?
eu sei que as coisas entre ti e a mãe não resultaram, mas eu existia e tu devias ter ficado cá por mim.
não tens noção das saudades que eu tenho dos nossos momentos.
eu adorava andar às tuas cavalitas; adorava quando brincavas comigo e quando riamos os dois sem parar; adorava quando íamos ao jardim e tu me empurravas no baloiço; adorava quando me dizias adeus depois de me deixares no infantário. não sei se sabes, mas sempre que me ias lá buscar, eu gritava "vem aí o meu pai" e fazia questão de apontar para ti, para que todos soubessem que eras tu. eu adorava quando me fazias rir enquanto eu comia, porque eu acabava sempre por cuspir para a tua cara; adorava quando fazia anos e me davas uma pista de comboios, porque eu sabia que a seguir íamos montá-la juntos; adorava até os momentos em que me aleijava, porque tu fazias sempre as figuras mais parvas só para eu me rir.
eu adorava-te pai.
só gostava que pudesses estar aqui para veres como eu cresci. já não sou a menina pequenina a que estavas habituado. eu já não brinco com os nossos comboios, já não preciso de ajuda para andar de baloiço e também já não digo aos meus colegas "aquele é o meu pai", simplesmente porque tu não estás ao portão para me ir buscar.
a única coisa tua que tenho é o Teddy e dele nunca me hei-de separar.
eu sou tua filha e como tua filha, preciso de proteção.
preciso que me ajudes nos tpc's; preciso que jogues comigo à bola e que me leves a ver jogos de futebol; preciso que me perguntes "quem é aquele chavalo ?"; preciso que estejas presente em todos os momentos da minha vida e que digas "aquela é a minha menina".
eu só preciso que tu voltes, simplesmente isso.
tu não sabes como é difícil crescer sem um pai. apesar de ter muitas figuras masculinas na minha vida, pai é pai e é bastante difícil ouvir os outros dizer "o meu pai vai levar-me ao cinema" ou "o meu pai vai-me oferecer aquele relógio" e não puder dizê-lo também.
e às vezes é difícil disfarçar a dor. sim, porque dói. dói saber que ao princípio era a tua princesa e que agora não sou nada. dói saber que antes te importavas mais comigo do que contigo e que agora já não o fazes. também dói saber que provavelmente nunca mais te vou ver. mas o que dói mais é saber que tens uma filha de 7 anos e que ela recebe o teu amor e eu não.
eu só queria que pudéssemos começar de novo, porque eu não estou chateada contigo.
eu só quero que tu voltes e que faças a minha vida valer a pena, porque eu não aguento mais estar sem ti.


i forgive you for been away for far too long

domingo, 2 de junho de 2013

cortes...

acho que este é o assunto sobre o qual menos gosto de falar, talvez porque prometi a mim mesma que não ia voltar a fazê-lo.
mas preciso de desabafar, preciso de deitar cá para fora tudo o que senti ao longo destes 4 anos.
comecei por causa dele, porque o amava demais e não aguentava imaginá-lo com outra.
é difícil, sabes ?
seres da turma da pessoa que amas e não poderes dizer-lhe, porque sabes que ele gosta de uma das tuas melhores amigas. é difícil vê-lo a tentar ser feliz com ela e tu ali, à espera que ele se lembre que tu existes. eu fiz coisas por ele que nunca pensei fazer por ninguém. eu amei-o com todas as forças que tinha. mas acabei por me afastar dele. foi das decisões mais difíceis que tive que tomar na minha vida, porque não é qualquer um que se afasta da pessoa que ama. eu passei tantos momentos com ele. nós riamos juntos e chorávamos juntos. nós contámos coisas um ao outro como se fossemos melhores amigos e acho que foi por isso que me apaixonei por ele. ele era a pessoa que mais me fazia feliz e eu amava-o como nunca tinha amado ninguém. mas eu precisa de tempo para pensar se queria continuar a lutar por uma pessoa que não me amava. eu afastei-me dele. nem sei como é que consegui, porque nós éramos da mesma turma e eu tinha que o ver todos os dias. mas a verdade é que o esqueci. e digamos que os cortes ajudaram. a partir do momento em que percebi que ele nunca me ia amar, comecei a cortar-me.
lembro-me perfeitamente de como foi o meu primeiro corte. estavam todos a dormir e eu só conseguia pensar nele. por isso levantei-me, fui à cozinha e peguei numa faca. depois voltei para o meu quarto e fui à casa-de-banho. o primeiro corte ardeu. depois, fiquei a ver o sangue a escorrer-me pelo braço abaixo e pensei "mas o que é que tu estás a fazer ?". lembro-me de me ter levantado, de ter lavado a faca e de a ter voltado a ir pôr na cozinha. depois voltei para casa-de-banho e pus o braço debaixo de água, até o sangue parar de correr. depois fiz outro corte, paralelo ao que já tinha feito, mas desta vez não foi com uma faca, foi com um xizato. não considero que tenha sido uma tentativa de suicídio porque os cortes não foram nos pulsos. não me lembro bem do que aconteceu depois, mas lembro-me de ter acordado de manhã com uma dor horrível no braço.
sei que isto dito assim faz com que eu pareça uma psicopata ou uma coisa parecida, mas não sou.
ver o sangue a escorrer-me pelos braços não foi a coisa mais agradável do mundo, até porque eu odeio ver sangue. mas sentir a pele a latejar foi a coisa mais libertadora que alguma vez senti. o problema veio a seguir. esconder cortes não é fácil, muito menos se forem nos braços. era verão quando isto aconteceu e houve pessoas que acabaram por saber. ao contrário do que eu esperava, elas apoiaram-me, mas fizeram-me prometer que não o voltava a fazer.
a verdade é que não consigo. fiz uma promessa e pela primeira vez na minha vida, não a cumpri.
ainda hoje continuo a cortar-me. à 1 ano namorei com um rapaz. conhecêmo-nos na escola e desde esse dia começámos a falar bué e eu apaixonei-me por ele, pela pessoa que ele era. lembro-me de tudo. da nossa primeira conversa, da primeira mensagem, do nosso primeiro beijo, de tudo! eu cortava-me quando o conheci e continuei a fazê-lo quando começámos a namorar. mas eu não tinha razões para isso, porque nós gostávamos um do outro. houve um dia em que ele viu as marcas nos meus braços e perguntou-me o que era aquilo. eu estava farta de lhe mentir, a ele e a todas as pessoas que me perguntavam o que era aquilo. por isso contei-lhe. ele ficou perplexo a olhar para mim e perguntou-me porque é que eu fazia aquilo. acho que essa foi a pergunta mais complicada de responder que me fizeram. eu estava bem com ele, não estava mal com nenhum amigo meu e as minhas notas eram boas, por isso eu não tinha razões para o fazer. ou pelo menos era o que eu pensava. porque uma pessoa não se corta sem ter motivos. tem de haver sempre uma razão, mesmo que tu não saibas responder a isso, no teu intimo, existe uma razão para o fazeres. e eu tentei explicar-lhe isso. não sei se ele percebeu, a única coisa que sei é que me deu na cabeça. hoje já não namoramos. aliás, nem sequer nos falamos, mas eu continuo a cortar-me e desta vez sei porque é que o faço. porque ainda o amo. sei que dizemos a todos os nossos namorados ou rapazes de quem gostamos que eles são as pessoas de quem mais gostámos. mas eu gosto mesmo dele.
sabes o que é deitares-te a pensar nele ? acordares a pensar nele ? estares na escola, veres um casal junto e pensares "eu também já estive assim com ele" ? é difícil. e a única maneira que eu encontrei de ficar mais fácil foi cortar-me. durante o verão passado e até Dezembro, não toquei uma única vez na lâmina do meu afia. mas em Janeiro desmontei-o e comecei a cortar-me de novo. desta vez não foi nos braços, foi nas pernas, porque é mais difícil de ver. mas agora vem o verão e não sei como é que o vou fazer. secalhar devia parar, mas não consigo. isto para mim é um alívio, é a única coisa que alivia a dor interior que sinto.
                                                                                                         
                                        mas também é um vício, o meu vício.

sábado, 1 de junho de 2013

quem sou eu ?

já não sei quem sou. secalhar nunca soube. a única coisa que sei é que não sou mais a pessoa que era.
eu já fui uma pessoa feliz, sabes ? já fui daquele tipo de rapariga que acorda sempre com um sorriso na cara, que tenta sempre fazer mais pelos outros do que por ela própria e que está sempre a fazer palhaçadas.
já fui daquele tipo de rapariga que passa as aulas na brincadeira, sempre a mandar piadas e a fazer os outros rir. já fui daquele tipo de rapariga que entra pela escola dentro e grita um "bom-dia" a toda a gente, como se fosse a pessoa mais feliz do mundo. eu já fui daquele tipo de rapariga que contagia todos com o seu riso.
sim, eu já fui uma pessoa feliz. a verdade é que já não sou nada disso.
o meu "eu" antigo era alegre, passava a vida a fazer os outros rir e a tentar ajudar o pessoal, por muito mal que eu própria estivesse. eu era divertida, passava o tempo todo a fazer palhaçadas e as minhas aulas de e.v. eram passadas a conversar e a dizer parvoíces, só para ver as minhas meninas a rir. eu era a pessoa mais parva de sempre, sempre a rir e a fazer macacadas. eu acordava de manhã com um sorriso parvo na cara e nada me fazia parar de rir. eu inventava códigos nas aulas para poder falar com as minhas amigas, eu passava os intervalos a chatear os rapazes para que me emprestassem os seus casacos. eu falava sempre a toda a gente e estava sempre disposta a ajudar uma pessoa que estivesse mal, mesmo que não me desse muito com ela. mas isso era o meu antigo "eu".
o meu novo "eu", a pessoa em quem me tornei, é completamente o oposto. ainda passo a vida a sorrir e a tentar fazer os outros rir, mas já não é com a mesma vontade com que o fazia antigamente. tornei-me uma pessoa fria, que já não se interessa tanto pelos outros como antes e que nunca, mas nunca pede desculpa.
sou a pessoa mais orgulhosa e teimosa de sempre. já não mando mensagem às pessoas para as tentar ajudar, basicamente fico à espera que se lembrem de mim. a verdade é que não me tornei na pessoa que sou sozinha. o facto de me terem posto de lado e de me terem desprezado ajudou bastante. sempre estive habituada a ter alguém que me ajudasse quando mais preciso. a verdade é que já nem isso tenho. tornei-me numa pessoa egoísta, fria, sem sentimentos, que quer as coisas à sua maneira e que muitas das vezes não pensa nos outros. pois, esta agora sou eu.
provavelmente vais achar que me faço de vitima e que tudo o que escrevi são mentiras, mas acredita, a verdadeira Érica não é aquela que eu sou agora...
                                                                                       


                                 ...mas sim, acho que por agora, esta sou eu.